A justificativa do projeto encontra-se na riqueza bibliográfica, histórica, estatística e portanto cultural e científica do acervo da BMF/RJ que, como depositária das publicações do próprio Ministério da Fazenda e outros ministérios e herdeira dos acervos da Alfândega do Rio de Janeiro, dos extintos Instituto Brasileiro do Café (IBC) e do do Instituto do Açúcar e do Alcool (IAA), entre outros, conta com mais de 150 mil volumes, dos quais pelo menos 1.200 podem ser classificados como obras raras no sentido estrito, das quais 1.100 publicados nos séculos XVIII desde 1707 (Brasil-MF, 1984a) e XIX.
Para as finalidades específicas do projeto, contudo, o acervo de obras raras atinge dezenas de milhares de volumes, destacando-se as coleções históricas de anuários e relatórios estatísticos sobre o Brasil que por sua idade, raridade, condições de conservação e, sobretudo, pela riqueza de informações estatísticas sobre os mais diversos aspectos da história do país que merecem e requerem recuperação e divulgação em meio eletrônico para permitir ampla disseminação entre acadêmicos e pesquisadores das diversas áreas, jornalistas, estudantes e o público em geral. Destaca-se que no período histórico de interesse para o projeto inexistia o sistema estatístico nacional que se inicia com o IBGE em 1937 e a FGV em 1945.
A título de exemplo, mencionam-se os anuários de finanças públicas desde 1811; de comércio exterior e transporte desde 1840; as estatísticas ferroviárias desde 1870; entre vários outros.
A condição de obras raras das publicações estatísticas da BMF/RJ decorre da sua importância para a preservação da memória histórica, cultural e científica do país que é reforçada pela falta de atratividade comercial para a republicação em formato impresso. Um número significativo das publicações estatísticas são únicas na BMF/RJ e talvez no Brasil estando portanto sujeitas a consultas e manuseio relativamente freqüentes.
Em termos de preservação física, destaca-se que após mais de um século de exposição à umidade típica do Rio de Janeiro, o acervo bibliográfico foi posteriormente submetido ao ressecamento que caracteriza os ambientes com ar-condicionado. Essas condições ambientais adversas e a própria atuação de processos químicos com a passagem do tempo fizeram que parte considerável das folhas de papel do acervo se tornasse especialmente acidificadas, corroídas e quebradiças implicando risco de perda das informações literais e numéricas impressas no papel, sobretudo quando manuseadas sem a devida cautela.
Para a preservação física, portanto, é necessário reduzir a freqüência e intensidade de consultas e manuseio do acervo, o que será feito pela divulgação e veiculação conteúdo do acervo com acesso gratuito e universal pela internet e sua recuperação remota online. Essa medida é particularmente importante no caso das publicações estatísticas raras ou únicas que, exatamente por isso, são objeto de consultas mais freqüentes.
Concluindo, é digno de nota e constrangimento que uma das raras iniciativas nesse sentido seja do Center for Research Libraries nos EUA veiculando na internet os relatórios presidenciais, provinciais e ministeriais brasileiros desde 1830, além do Almanak Laemmert, 1844-89 (www.crl.edu). Diante da carência e dificuldade de acesso à estatísticas históricas no Brasil, o acesso irrestrito ao acervo de obras raras da BMF/RJ significa contribuição inestimável para pesquisadores nacionais e estrangeiros, estudantes universitários e secundaristas, jornalistas, escritores e demais interessados na história brasileira, sobretudo aqueles residentes em localidades distantes das bibliotecas com grandes acervos históricos.